Na UV 2004, todos os participantes tiveram a possibilidade de dirigir perguntas escritas aos conferencistas e a personalidades que se associaram a esta iniciativa. De entre as perguntas que lhes eram destinadas, os nossos convidados escolhiam duas para dar resposta e para serem publicadas no JUV.
Aqui podem ser consultadas não só as perguntas seleccionadas pelos convidados e as respectivas respostas mas também todas as restantes que não chegaram a ser publicadas.
Qual é a sua opinião relativamente à questão da introdução de quotas mínimas de participação política para as mulheres?
Tenho tido sempre uma opinião crítica à tese das "quotas".
Se elas existissem, levantar-se-ia sempre a dúvida na escolha de uma mulher para o exercício do cargo! Tinha sido uma questão de competência e valor profissional ou apenas por ser do sexo feminino?
A ausência de mulheres em algumas funções politicas é uma questão cultural que não se resolve por decreto e quando tal se pretende impor a consequência é, normalmente, o aparecimento de mulheres pouco capazes, o que só prejudica a imagem da mulher.
Numa entrevista à RTP1, a Dra. Manuela Ferreira Leite manifestou simpatia pela velhinha política salarial do PCP, a qual defende que os Deputados devem receber vencimento igual ao auferido nas profissões anteriores.
Esta alteração ao sistema de remunerações dos Deputados acarreteria ou não maiores custos para o país? E quais seriam os dividendos a retirar dessa mesma mudança?
Se o exercício de uma função politica não trouxesse benefícios nem prejuízos financeiros aos que a exercem, seria evidente que quem a procuraria o fazia por vocação.
Do mesmo modo, seria possível trazer para a política pessoas muito capazes e independentes financeiramente que contribuiriam para o prestígio da classe politica.
Caso contrário, os bons não serão atraídos e os menos bons vêem nesses lugares a única forma de emprego.
Parece-lhe que hoje em dia as juventudes partidárias são um instrumento credível para uma formação de excelência, tão necessária ao desenvolvimento estruturado de Portugal?
Cada vez que se muda de Governo, muda-se de políticas fiscais e financeiras. Não acha que deveria haver alguma lei que garantisse e protegesse a continuidade dessas políticas de modo a não haver grandes discrepâncias sempre que se muda de Governo?
Um dos problemas actuais do país, prende-se com a baixa competitividade do país a nível internacional. Que medidas devem ser tomadas para solucionar este problema? Qual o papel dos jovens na resolução do problema?
Considera que a actual periodicidade na actualização de Acordos-Quadro de Aprovisionamento por parte da Direcção Geral de Património responde às reais necessidades do País na redução da Despesa Pública?
Qual a sua opinião acerca das políticas seguidas pelo ex-Ministro das Finanças Campos e Cunha e pelo actual Ministro Teixeira dos Santos? Será viável reduzir, ou tentar reduzir o défice público, essencialmente pelo aumento das receitas e pouca incidência ou diminuição das despesas? Parabéns pela excelente competência e coragem enquanto titular da pasta das finanças e também enquanto desempenhou cargos dentro do PSD.
As medidas que tomou enquanto Ministra das Finanças no combate ao défice foram consideradas austeras e rigorosas pela população portuguesa.
No entanto o objectivo ainda está longe de ser atingido. Quais as medidas que propõe para que se combata o défice e se garanta ao mesmo tempo o crescimento económico?
Numa era globalizada, em que as forças exógenas sobre um País são muitas e constantes, qual o melhor Modelo/Concepção de Estado defende para o desenvolvimento do nosso País? Porquê?
Como tudo na vida e também graças à volatilidade do tempo político e social bem como a nossa inserção numa sociedade extremamente exigente, o que ontem era bom e amanhã não o é e vice versa. Estaria a Dra. Ferreira Leite disponível para regressar a um Governo do PSD na área financeira?
A fuga aos impostos é uma realidade do nosso País. É este um problema político, um problema da cultura portuguesa ou é meramente falta de fiscalização?
Estamos claramente num beco sem saída e sem nenhum plano de recuperação que a curto ou longo prazo produza efeitos sustentados. Como julga que ainda se pode salvar o futuro económico-financeiro português? O que posso eu como jovem começar a fazer por um melhor futuro para mim e para os que me seguem?
Tendo a Função Pública, aumentos salariais nos últimos 15 anos, acima da produtividade, acrescido de promoções, não por mérito, mas por tempo de serviço, torna-os com crescimento de massa salarial, muito acima do mercado. Assim, qual a vantagem da redução nominal dos salários, estabelecendo diversos escalões, com respeito social para com os funcionários de salários mais baixos. Não seriam, aumentos de 0%, ou abaixo da inflação, mas sim a redução real entre (menos 2%, menos 4%). Qualquer empresa privada, adequada a uma massa salarial às suas condições de mercado, ou por despedimentos, ou redução generalizada dos custos. Os interesses de equilíbrio nacional, não justificaria originar um terramoto político e de interesses, a bem do futuro e do País?
Enquanto Ministra de Estado e das Finanças iniciou um processo de levantamento da verdadeira dimensão da administração pública. Em que ponto está esse processo, será alguma vez concluído e será ele divulgado?
Na sua óptica, o combate ao déficit está a resultar com as medidas adoptadas pelo actual executivo nomeadamente através do aumento da carga fiscal, ou se por outro lado, deveria ser seguido um outro caminho; porventura a eliminação das SCUT'S e a eventual dispensa de Funcionários Públicos?
Na sua óptica, o combate déficit está a resultar com as medidas adoptadas pelo actual executivo nomeadamente através do aumento da carga fiscal, ou se por outro lado, deveria ser seguido um outro caminho; porventura a eliminação das SCUT'S e a eventual dispensa de Funcionários Públicos ?
Considera que a existência de uma taxa única de IVA, ou porventura pelo menos a simplificação do regime actual via supressão da taxa intermédia, teria efeitos importantes na questão da atracção do investimento estrangeiro?
Sendo apologista do rigor e do controlo de despesas, qual a mensagem que deixaria aos Jovens Sociais Democratas no sentido de os sensibilizar para os problemas financeiros e económicos do País?
Qual dos dois Ministérios preferiu: Educação ou Finanças? Qual lhe deu mais "dores de cabeça"? Se fosse convidada a integrar novamente um governo, qual deles escolheria?
Apesar de as medidas de combate ao défice orçamental do actual Governo serem semelhantes às do seu mandato, o Engº Sócrates defende a desburocratização da formação de empresas. Considera que no seu Governo faltou alguma medida que compensasse em termos de incentivos económicos o aumento de impostos?
Como é que se explica que os trabalhadores por conta própria que declarem prejuízo nas suas actividades económicas, conseguem pagar vencimentos a empregados, ter grandes casas e ter grandes carros à porta? As medidas para combater a fuga ao fisco não passará por esta classe?
Que perspectivas poderá ter a nossa geração sobre a viabilidade económica da sua contribuição financeira para o actual sistema (impostos)? Será que pode acreditar no futuro?
A Dra. Manuela Ferreira Leite é um símbolo da competência da classe política. Mais, é a principal responsável pelo actual sucesso do combate à evasão fiscal, tendo apostado para tal num gestor a quem não teve medo de pagar um salário competitivo face ao que se paga hoje no sector privado, muito longe dos valores praticados na Administração Pública. O que é preciso fazer para este exemplo não ser um caso isolado?