Na UV 2004, todos os participantes tiveram a possibilidade de dirigir perguntas escritas aos conferencistas e a personalidades que se associaram a esta iniciativa. De entre as perguntas que lhes eram destinadas, os nossos convidados escolhiam duas para dar resposta e para serem publicadas no JUV.
Aqui podem ser consultadas não só as perguntas seleccionadas pelos convidados e as respectivas respostas mas também todas as restantes que não chegaram a ser publicadas.
Como vê a proliferação de políticas de ensino meritocráticas aplicadas nas Universidades portuguesas (ex. Coimbra, Minho,...)?
Julgo honestamente que a meritocracia ainda está, infelizmente, longe de estar conseguida, inclusive nas universidades que citou.
Uma coisa é a igualdade de oportunidades que devemos defender enfaticamente, outra muito diferente é a que vigora em muitas situações na Sociedade Portuguesa em que os que mais se esforçam ou mais produzem não se vêm recompensados os seus esforços.
A ideia de que se pode conseguir algo sem trabalho é um dos erros de base da atitude portuguesa e uma das razões da crise profunda em que mergulhámos desde 98/99. Outras causas terão que ser encontradas no facilitismo típico dos governos socialistas e na errada política económica dos governos Guterres.
Trabalho duro e meritocracia são seguramente instrumentos indispensáveis à recuperação de Portugal. A começar na escola básica, perpassando as Universidades e a ulterior vida profissional e a culminar nos altos cargos dirigentes do País.
Com a entrada da Turquia na UE, acredita que teremos uma Europa mais "forte" ou uma Europa cada vez mais afundada nas assimetrias transnacionais e na resolução de problemas e conflitos derivados de interesses e visões antípodas sobre política, sociedade e até religião?
A entrada da Turquia na UE está longe de ser um dado adquirido. Na melhor das hipóteses teriam de decorrer 8 a 10 anos antes dessa eventualidade.
Com efeito, uma coisa são as negociações para uma eventual adesão (período em que a Turquia terá de se adaptar ao "modus vivendi" europeu e às suas regras) e outra coisa é a adesão de parte inteira.
Pessoalmente creio que as negociações serão benéficas, antes do mais para a própria Turquia, mas também para a UE já que tenderão a estabilizar o flanco leste da UE quer política, quer economicamente.
Caso não haja adesão, outras alternativas são possíveis como por exemplo um acordo de associações especial que nesta fase não deverá de modo algum ser descartado.
De qualquer modo, uma certa aproximação e mais intensa ligação entre a Turquia e a UE será sempre benéfica no plano geoestratégico europeu e, até, mundial.
Até que ponto foi positiva para a imagem europeísta do PSD, a coligação com o PP para as eleições europeias, (dado que, do meu ponto de vista, o PSD foi o motor de um carro onde os nossos "companheiros de coligação" foram confortavelmente sentados)?
O facto de sermos vistos pela Europa de uma forma depreciativa, não será este um dos pontos iniciais a combater para "puxar" investimento para o nosso país?
Porque é que as Sessões Plenárias do Parlamento Europeu ocorrem maioritariamente em Estrasburgo e os Gabinetes e Comissões reúnem em Bruxelas, obrigando o Parlamento a sucessivas viagens dos deputados de Bruxelas para Estrasburgo para se reunirem? Não era uma boa forma para cortar algumas despesas se passassem a reunir num só local?
Enquanto Deputado Europeu, como consegue conciliar, ou como define as suas prioridades quando o interesse comunitário e o do Estado português são opostos?
Neste seu regresso à política comunitária entende que o défice democrático se agravou ou que as dificuldades últimas na construção europeia despertaram um maior interesse dos cidadãos em torno da União Europeia?
Numa Europa cada vez maior e com uma competitividade portuguesa cada vez menor, se tivesse que nos dar uma "receita", quais os 3 ingredientes mais importantes para melhorar a nossa competitividade?
Assistimos recentemente a um conjunto de situações que condicionaram o processo de integração europeia. Não será o momento para parar e reflectir por forma a dar passos mais seguros? Qual o caminho a seguir pela UE?
Na sua posição como Eurodeputado, que pensa sobre a "abertura total de fronteiras"? Será que a imigração indiscriminada de cidadãos europeus para Portugal não tem sido desvantajosa?