Na UV 2004, todos os participantes tiveram a possibilidade de dirigir perguntas escritas aos conferencistas e a personalidades que se associaram a esta iniciativa. De entre as perguntas que lhes eram destinadas, os nossos convidados escolhiam duas para dar resposta e para serem publicadas no JUV.
Aqui podem ser consultadas não só as perguntas seleccionadas pelos convidados e as respectivas respostas mas também todas as restantes que não chegaram a ser publicadas.
Tomando como exemplo a obra do Túnel de Ceuta, na qual o IPPAR emitiu um parecer negativo à solução preconizada pela Câmara Municipal do Porto (C.M.P.), é lícito, face às competências da C.M.P., o Governo intrometer-se em decisões tomadas por esta, tal como a Ministra da Cultura o fez?
O IPPAR emitiu o parecer negativo quando o PS iniciou a construção do túnel (solução do PS) e mais tarde emitiu um segundo parecer negativo à solução que apresentei.
A actuação política discriminatória consiste no facto do Governo Guterres não ter embargado a obra da Câmara PS e ter embargado a Câmara PSD/CDS.
O Governo pode e deve intervir, mas com isenção e rigor. Nunca com intenções de táctica política.
Na gestão autárquica encontram-se envolvidas várias vertentes importantes. De todos os pelouros qual elege como o mais difícil e incómodo de gerir? Porquê?
No caso concreto do Porto (e suponho que de Lisboa também) é o da habitação social. No Porto, quase 20% da população da cidade vive em casas degradadas e é abrangida pela nossa acção.
Infelizmente, a lista de espera é gigantesca. Gostaríamos de ter solução para todos mas temos apenas para poucos. Pelo factor humano envolvido, é o pelouro mais difícil e penoso.
Acredita num urbanismo sustentável enquanto houver uma precariedade profissional dos técnicos dos gabinetes Municipais de Urbanismo face aos políticos e aos jogos de influências a que estão sujeitos?
Actualmente os Planos Directores Municipais estão em revisão em muitas das autarquias do nosso País, sendo certo que os actuais são autênticos entraves ao desenvolvimento. Quando começaremos a encarar o planeamento e urbanismo a sério?
-Concorda com as recentes declarações do Dr Paulo Morais?
"o urbanismo é, na maioria das Câmaras, a forma mais encapotada e sub-reptícia de transferir bens públicos para a mão de privados» e que «em diversas Câmaras do país há projectos imobiliários que só podem ter sido aprovados por corruptos ou atrasados mentais"( Dr. Paulo Morais)
-Acredita que desta forma o Dr Paulo Morais deu o seu contributo para o regime Democrático Português?
-Pensa que o "timming" das declarações se prende de alguma forma, com a apresentação das listas à CMP e a "dispensa" do Dr. Paulo Morais?
O que considera ser necessário fazer para evitar a quase desertificação dos centros históricos das cidades, nomeadamente Lisboa e Porto, e a sua consequente revitalização?
Considera que existe centralidade do investimento por parte do actual Governo, na região de Lisboa em detrimento da região do Norte, nomeadamente no caso do metro do Porto?
Muito se especulou em torno do Mercado do Bolhão e as suas condições para continuar a laborar. Qual é a solução a médio prazo, já que a actual situação é altamente precária?
Admirando a sua atitude política, determinação e rigor como Autarca, como encara os novos desafios de reestruturação territorial na problemática da desertificação do Interior?
Muito se fala actualmente dos poderes não formais. O futebol pode ser entendido como um desses poderes. Que importância atribui à sua relação com a política?
Qual foi o episódio/situação que recordará da sua experiência como Presidente da Câmara Municipal do Porto durante o mandato que agora termina? Do que mais se orgulha de ter feito em prol da cidade do Porto? O que teria feito de outra forma?
Não acha que deve ser colocado no topo da agenda política a definição de regras de transparência, fiscalização e avaliação de utilização dos orçamentos das autarquias?