Na UV 2004, todos os participantes tiveram a possibilidade de dirigir perguntas escritas aos conferencistas e a personalidades que se associaram a esta iniciativa. De entre as perguntas que lhes eram destinadas, os nossos convidados escolhiam duas para dar resposta e para serem publicadas no JUV.
Aqui podem ser consultadas não só as perguntas seleccionadas pelos convidados e as respectivas respostas mas também todas as restantes que não chegaram a ser publicadas.
Tendo sido Presidente da JSD, na sua opinião qual é o papel das juventudes partidárias na actual sociedade civil portuguesa? Considera que as críticas feitas às supracitadas por algumas personalidades (por ex.º Pacheco Pereira) têm fundamento e razão de ser?
Como afirmei na anterior resposta, Portugal enfrenta um perigo de ingovernabilidade. Essencialmente, devido à crescente depreciação do exercício da actividade política.
Na verdade, esta é cada vez menos atractiva, nomeadamente para os mais jovens que são diariamente confrontados com um Mundo, a todos os níveis, competitivo e absorvente. Não resta muito tempo para causas colectivas, quando há tanto a fazer por nós próprios…
Neste cenário, as juventudes partidárias têm representado um dos poucos instrumentos (quiçá o único) de atracção dos jovens para a defesa activa do interesse geral e do bem comum.
Claro que, como em todas as organizações que assentam nas relações humanas, nem tudo funciona na perfeição. Eu diria mesmo que há mesmo muito a melhorar, apesar de considerar que, a este respeito, as juventudes partidárias dão lições a muitas outras estruturas organizacionais, incluindo os próprios Partidos Políticos…
Logo, penso que os analistas que se deleitam a “desfazer” as juventudes partidárias terão por vezes, as suas razões.
Contudo, esquecem o essencial, enfatizando o acessório. E assim, prestam um péssimo serviço à democracia e ao nosso futuro.
Na sua posição de Deputado, acha que essa posição é encarada por todos com seriedade e responsabilidade que esta merece?
A actividade política (e, particularmente, a parlamentar) é generalizadamente desconsiderada pelas opiniões públicas no nosso País, pelo menos desde os finais do Séc. XIX.
A novidade dos últimos anos (sensivelmente desde o aparecimento das televisões privadas) reside na leveza com que, através de meios de comunicação de massas, se tornou (paradoxalmente) “politicamente correcto” e mediaticamente popular desvalorizar (quando não insultar) a classe política. Passamos da “conversa de café” para os “opinion makers”…
Este “onda populista”, em que se abusa do desmesurado poder que os media actualmente detêm, traz duas potenciais consequências: a degradação do regime e a ingovernabilidade do País.
Isto não significa que os Deputados não mereçam crítica e permanente avaliação. Como em todos os ofícios, haverá Deputados bons, maus e remediados.
Mas o caminho deveria passar pelo aprofundamento dos mecanismos de controlo e avaliação individual (e aqui há muito a fazer), em prejuízo das sempre perigosas generalizações.
As juventudes partidárias são frequentemente acusadas de serem uma escola de vícios e de carreirismo. Quais foram os mais importantes e úteis ensinamentos, quer para a sua vida profissional como para a sua vida pessoal, que aprendeu na JSD?
Tendo já sido Presidente da CPN da JSD, e numa fase em que os movimentos juvenis levantaram algumas bandeiras de campanha e luta político-partidária, como observa /avalia a (aparente) ausência de ideias "fortes" que mobilizem toda a juventude e sociedade civil portuguesa?
No Congresso do Coliseu dos Recreios em 2002, apresentou uma moção pela JSD com o nome: [email protected], onde um dos aspectos que defendia era a possibilidade do PSD apresentar um candidato a Primeiro Ministro que não o seu líder. Ainda defende essa posição? Se hoje fossem as eleições que indivíduo apoiaria?
Numa entrevista ao jornal Público em Fevereiro do ano passado falava da necessidade de acabar com o paradigma que a Espanha é uma ameaça devendo aceitar o país vizinho como uma oportunidade para pequenas e médias empresas. Face ao novo alargamento comunitário e ao crescente mercado oriental na Europa, ainda acha viável? Que comportamentos devem assumir os portugueses?
Faz sentido deslocar centros de decisão como as Secretarias de Estado para outras cidades? É relevante para o desenvolvimento das regiões onde as Secretarias são implantadas?
A sua passagem pela JSD fica claramente marcada por uma postura de assertividade e continuada intervenção sócio-política. Que mensagem deixaria aos dirigentes da JSD do interior do país, para uma boa mobilização dos jovens?
Enquanto Secretário de Estado da Juventude defendeu a sua proposta da nova Lei do Associativismo. Como vê a política do actual Governo que, aproveitando a sua proposta como base de debate, a pretende alterar substancialmente?
Qual a tua opinião em relação aos estatutos aprovados em Cascais no Congresso que presidiste? Nomeadamente sobre os mandatos de dois anos para as secções?
Qual o papel de uma Secretaria de Estado da Juventude na constituição de um Governo? É muito importante existir um Secretário de Estado para a Juventude ou um Secretário de Estado que trata do futebol também pode tratar das questões da juventude?
O seu percurso político é marcado pela entrega e empenho em prol da Juventude portuguesa. Das medidas que tomou enquanto Secretário de Estado da Juventude ou daquelas que defendeu enquanto Deputado, qual a que considera mais importante para os jovens?