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Revista de Imprensa
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Assembleia (simulação) - Tema: Prevenção Rodoviária
 
Dep. Carlos Coelho
Senhores Deputados, esta Sessão Plenária é dedicada à Prevenção Rodoviária e passo desde já a palavra ao Governo.
 
Dionísio Mendonça
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República
Exmas. Senhoras e Senhores Deputados

Este Governo não se contenta com questões adiadas, pois não foi para adiar que fomos eleitos.
Somos pessoas conscientes das nossas responsabilidades e das necessidades do país em matéria social. Estas questões bloqueiam o desenvolvimento e ameaçam deixar Portugal ainda mais para trás nesta Europa e neste Mundo de tanta competitividade.

Seria muito simples ir pelo caminho mais fácil, deixando tudo como está. Os adeptos deste tipo de política ensinaram-nos que isso só deixa ainda mais o país na pobreza e mais distantes dos nossos parceiros europeus.
Impõe-se por isso um caminho que não seja de facilidades. Pretendemos olhar mais a fundo e entrar nas questões sociais emergentes.

Temos uma visão de futuro para dar a resposta mais adequada a todos os problemas. Nem que para isso se tenham de enfrentar os interesses corporativos.

Senhor Presidente
Senhoras e Senhores Deputados

O nosso caminho é no sentido da reeducação e sensibilização dos condutores portugueses, para garantir uma maior segurança nas estradas portuguesas.

Urge pedir a todos uma condução mais responsável e consciente. O futuro deste país passa pelo melhoramento das pessoas e pela evolução de mentalidades.

Combater a sinistralidade nas estradas é uma forma de caminhar nesse sentido. Assim, a proposta que submetemos a esta Assembleia assenta na adopção de medidas especiais para combater o flagelo nas estradas.
Com estas medidas, o Governo pretende vincar a reabilitação, evitando a repetição dos erros. Medidas que visem apenas a punição apenas gastam dinheiro e recursos do Estado.

Nós queremos, isso sim, investir, obrigando todos os condutores com menos de 30 anos, titulares da carta há menos de 5 anos a irem de encontro às vítimas dos seus erros e que, infelizmente, ficaram com marcas para o resto da vida.

Só assim evitaremos que os maus comportamentos nas estradas sejam erradicados, ao invés de serem apenas punidos.

PALMAS

Em segundo lugar, vamos alterar as medidas coercivas à disposição dos tribunais, bem como a filosofia da sua aplicação.
Com esta proposta, introduzimos uma especial atenção à prevenção do álcool e drogas. Este bloco de medidas terá o nome de “Medidas Especiais de Formação”. Estas consistem em formação e acção cívicas fundamentais para a assumpção do respeito nas estradas.

Este é o essencial duma proposta exigente, mas justa e equilibrada, seguindo a linha lógica da nossa acção em matéria rodoviária. Uma linha com o elevado sentido de justiça que tem marcado a nossa actuação.
Estão os portugueses certos que o esforço que lhes está a ser pedido fará sentido no futuro.

Presidente
Terá de concluir.

O Orador
Nesta altura em que o País atravessa dificuldade sociais, um apoio expressivo da Assembleia da República a esta iniciativa do Governo será algo importantíssimo e dignificador do papel do Parlamento junto dos Portugueses.

Deixo esta proposta mas mãos da Assembleia e sei que ela fica em boas mãos.

Obrigada.

PALMAS

 
Dep. Carlos Coelho
Obrigado, senhor Ministro.
Passo a palavra à senhora Deputada Rita Pato do Grupo Bege
 
Rita Pato
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República
Exmos. Senhores Membros do Governo
Exmas. Senhoras e Senhores Deputados

Existe uma pequena diferença entre “ir ao encontro de” e “ir de encontro a”

RISOS E PALMAS

Mas nós ouvimos com atenção a vossa apresentação e não queremos menosprezar a temática da prevenção rodoviária. Contudo, não podemos apoiar a vossa medida.

Não nos parece uma proposta viável, tendo em conta os parâmetros definidos para a sua aplicação. Em primeiro lugar, pretendem aplicar estas medidas a condutores alcoólicos e dependentes de drogas: isso suscita as nossas dúvidas pois sabemos que em cerca de 100 acidentes, apenas 1% são causados por excesso de álcool.
Onde estão os restantes 99%?

PALMAS

Aliás, os dados dizem-nos que os acidentes mortais verificados há dois anos atrás por excesso de álcool (condutores entre 0,5 e 0.19 gramas/litro de sangue) foram zero! E os feridos foram à volta de 1%.

Será mesmo necessário implementar esta medida em condutores com dependência alcoólica?
Não será melhor agir de forma firme e pragmática na resolução do alcoolismo? Este sim, afecta os jovens!

É também um facto que desde 2001 o número de mortos verificados em acidentes de aviação tem sido progressivamente mais baixo que o valor de decréscimo médio anual. 
Temos ainda dados que nos permitem afirmar que diminuiu o número de mortos e de feridos graves. Isto só vem confirmar que as medidas que nós implementámos no passado foram um sucesso.

Presidente
Senhora Deputada, tem de concluir.

A Oradora
Cuidado com a formação. Não contacte os alunos do Prof. Alexandre Picoto porque os alunos dele nada sabem.

RISOS e PALMAS

 
Dep. Carlos Coelho
Muito obrigado senhora Deputada. Tem a palavra para intervir o senhor Deputado Bruno Fragoso, do Grupo Roxo.
 
Bruno Fragoso
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República
Exmos. Senhores Membros do Governo
Exmas. Senhoras e Senhores Deputados

Os meus parabéns: é o primeiro discurso demagógico e vazio que eu ouço nesta assembleia

PALMAS

Foi difícil encontrar uma palavra que pudesse ser contestada nesta proposta. Mas, já que não fizeram o favor de elucidar a Assembleia sobre aquilo que hoje será aqui votado, eu tentarei elucidar aqui os senhores Deputados.

Sete meses após a publicação do Decreto-Lei 44/2005, este Governo tem uma preocupação necessária e meritória sobre a sinistralidade rodoviária. Os nossos parabéns, desde já.

Pena é que os vossos esforços tenham resultado nesta fraca e tortuosa proposta.

PALMAS

Os resultados conseguidos desde o Plano Nacional de Prevenção Rodoviária de 2003 são visíveis. Não vale a pena arranjarem visões refinadas dos dados estatísticos porque eles não enganam e demonstram que estamos no caminho certo. Se for necessário, podemos utilizar o excelente trabalho da nossa colega.

PALMAS

É na promoção e desenvolvimento da educação rodoviária e no aumento da fiscalização que reside a estratégia óptima para aumentar a segurança nas estradas portuguesas.
A título pessoal, prefiro ter condutores educados a ter condutores traumatizados e amarelos. A violência psicológica desta proposta é simplesmente hedionda e pode causar mais danos que benesses. Sejamos realistas.
Um jovem apanhado por três vezes acima do limite máximo previsto e seja obrigado a passar (cito) “um mínimo de 176 horas ligado ao resultado de acidentes de viação”, não acha que é demasiado dramatismo?

PALMAS

Aplicamos este argumento às alíneas a) e b) do artigo 6 da proposta. Quanto aos restantes, são simplesmente aberrantes, à falta de melhor adjectivo. Nem sequer os vou repetir, seguindo o exemplo do senhor Ministro.

Presidente
Queira resumir, senhor Deputado.

O Orador
Perdoem-me o desabafo, mas este Governo é que deveria ter um mínimo de 176 horas de contacto com sinistrados, podia ser assim que tivesse mais respeito pelos condutores portugueses e mais respeito pelos profissionais a quem um segundo pode significar a vida de uma pessoa e um empecilho pode significar a perda de uma vida.

Devo dizer que com esta proposta puseram a carroça à frente dos bois.

 
Dep. Carlos Coelho
Obrigado senhor Deputado.
Passo agora a palavra ao Governo para responder.
 
Alexandre B. Cunha Pereira
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República
Exmas. Senhoras e Senhores Deputados

Permitam que responda às interpelações.
Devo dizer que estão a ir demasiado depressa, meus senhores. E cuidado que podem capotar,

PALMAS

Com consequências gravíssimas para vós mesmos.

Senhora Deputada, a senhora falou em problemas de “aviação”? a senhora deve querer encontrar o céu nas estradas portuguesas!

RISOS E PALMAS

Senhor Deputado, o senhor tem tanta convicção no que está a dizer que precisa de ler o que tem à sua frente? Não acredita no que está a dizer?

Vozes
MUITO BEM

O Orador
O senhor faz-me lembrar o eng. Sócrates.

PALMAS

A única diferença é que o senhor tem uma folha e ele tinha duas placas tecnológicas.

RISOS

E deixem-se responder às duas oposições: é uma desonestidade intelectual gritante vir a esta Assembleia e depois do debate profícuo que aqui tivemos os senhores não alteraram um milímetro a vossa posição!
Por favor, ganhem consciência do papel que desempenham nesta Assembleia.

PALMAS

Mais, eu estou ansiosamente à espera que um dia alguma dessas bancadas e também daquela [O ORADOR APONTOU PARA O GRUPO SURPRESA] concordem com alguma das propostas que apresentemos aqui.

PALMAS E PROTESTOS

Só assim é que vamos para a frente, com construção positiva.

Uma voz
Comece a governar!

PROTESTOS NAS BANCADAS

O Orador
Esta lei

Presidente
Ordem na sala, senhores Deputados.

O Orador
Esta lei assenta numa base, numa ideia para bem da nossa sociedade, com que os senhores até concordarão, que é diminuir a sinistralidade.
Relativamente às estatísticas, ainda bem que falam delas: elas são um indicador, mas do passado! Os senhores são retrógrados, só falam do passado! Temos de olhar para o futuro!
E é por olharmos para o futuro que queremos intervir na faixa etária mais preocupante neste capítulo.

PALMAS

Consultem a vossa documentação e verão que de cada vez que se introduziram restrições na lei a sinistralidade diminuiu! E é precisamente isso que queremos!

PALMAS

Tenham consciência do vosso papel aqui.
Mais, o vosso autismo preocupa-me, pois não conseguem perceber os três pilares essenciais em que assenta a nossa proposta: a consciência, o civismo e a reabilitação.

É a consciência de que partilhamos a estrada com outras pessoas.
O civismo: como os senhores têm grandes carros, pensam que podem fazer da estrada o vosso percurso automobilístico. É aí que temos de actuar.

Presidente
Conclua senhor Ministro

O Orador
Finalmente, todas as leis devem ter um pendor na reabilitação, para que mais ninguém volte a cair no erro.
Quem cai no erro, depois de reabilitado, não cai novamente. E se matou alguém, passará a andar com muito mais cuidado nas nossas estradas.

 
Dep. Carlos Coelho
Muito obrigado.
Passo a palavra ao Partido Surpresa.
 
Dr.Alexandre Picoto
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República
Exmos. Senhores Membros do Governo
Exmas. Senhoras e Senhores Deputados

Vou prescindir da minha intervenção para ler uma carta que me chegou às mãos.

«Pedi ao senhor Deputado Alexandre Picoto que lesse esta carta durante a discussão da vossa proposta.
O meu nome é Maria, tenho 11 anos e escrevo directamente do Hospital São Francisco Xavier.
Queria contar-vos a minha história. No passado dia 3 de Agosto, pelas 23.52h, a minha mãe apertou-me a mão pela última vez.
Depois foi para o céu, disseram-me.
Uns dias antes, pelas 07.30 da manhã, íamos levar o Pedro, o meu mano que tinha três anos, ao infantário.
Ao chegarmos ao jardim da Estrela, um carro conduzido por um jovem que regressava de uma discoteca não respeitou o sinal vermelho e bateu na minha mãe, no meu mano e ainda me acertou.
Dizem-me que o meu mano morreu logo e não sofreu. A minha mãe e eu fomos levadas para o hospital.
Estiveram dois dias a tratar de mim e dizem-me que vou ficar bem, mas tenho de fazer fisioterapia durante alguns meses.
Quando perguntei pela minha mãe, disseram-me que estava noutro lado e levaram-me até lá. A minha mãe, a minha querida mãezinha estava muito doente. Ela disse-me para eu me portar bem e que tinha de se ir embora e que eu teria de ajudar o meu papá a ser forte.
No outro dia esteve cá um rapaz que queria falar comigo. Chamava-se João e tem 28 anos.
Disse-me que foi ele que levou a minha mãe e o meu irmão para o céu…»

Presidente
Senhor Deputado, tem de concluir.

O Orador
Senhor Presidente, não percebo que não haja consideração por esta carta!
«… senhor Deputado, não gostei nada de falar com ele.
Ele pediu-me desculpa, disse que estava muito arrependido que queria que eu o desculpasse. Mas eu não consigo parar de ver a minha mãe a agarrar-me a mão pela última vez.»

Presidente
Obrigado senhor Deputado

O Orador
Desculpe senhor Presidente mas eu vou terminar.

Presidente
Já terminou senhor Deputado.

PROTESTOS DO GS

O Orador
Peço recurso para a Assembleia

 
Dep. Carlos Coelho
O senhor Deputado sabe que essa figura não está autorizada.
O senhor Ministro José Maldonado tem a palavra.
 
José Maldonado
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República
Exmas. Senhoras e Senhores Deputados

MUITOS PROTESTOS DO GS

Senhor Deputado, eu ouvi-o com toda a atenção e espero que siga o meu cordial gesto e ouça o que eu tenho para lhe dizer.

Senhor Deputado, o que o senhor faz nos seus tempos livres e as cartas que escreve a si mesmo sob efeito de narcóticos não dizem respeito ao estado da nação.

Vozes
MUITO BEM

PALMAS

O Orador
Senhor Deputado, foi sendo permissivos que deixámos bandidos como o senhor entrar neste hemiciclo.

RISOS

Como é que o senhor lê essa carta? Nós estamos aqui para legislar e fazer o melhor para Portugal. Nós queremos evitar as mortes nas estradas!
O senhor por acaso sabe quantos morreram nas estradas no ano passado?
1135, senhor Deputado.

PROTESTOS DO GS

E tem havido um decréscimo de 40% senhor Deputado. Mas isso não é suficiente, não estamos dentro do padrão europeu.
Como europeus que somos temos de nos enquadrar.

PROTESTOS DO GS

Presidente
Senhores Deputados, ou se portam decentemente ou mando evacuar.

RISOS E PALMAS

Conclua senhor Ministro.

O Orador
Senhor Deputado, vou explicar-lhe a nossa medida.
Face ao figurino estático da multa, pretende-se com esta medida dar formação, mas não vamos gastar dinheiro dos contribuintes pois a formação será dada em centros de acolhimento a necessitados, lares de terceira idade, onde os jovens poderão desempenhar um papel importante.
Será essa a sua contribuição.

PALMAS

Com a nossa medida haverá um duplo beneficio: não teremos custos para o estado e traremos vantagens sociais aos jovens, reeducando-os e permitindo um incremento de civismo.

Obrigado.

 
Dep. Carlos Coelho
Obrigado senhor Ministro.
Vamos proceder à votação.
Peço que levantem o cartão os Deputados que consideram que o Governo ganhou o debate (pausa), quem considera que foi a Oposição Um a vencedora levante o cartão (pausa), e quem considera que a Oposição Dois saiu vencedora levante o cartão (pausa).

Resultado final: 41 votos para o Governo, Oposição Um 2 votos e Oposição Dois 5 votos.
Declaro vencedor o Governo.